Quando o tumor invade a musculatura detrusora, ele já é ≥ T2 e, assim, passa a ser chamado de doença músculo-invasiva (MIBC). Historicamente, o tratamento upfront nestes casos é cistectomia. Aos que a declinam ou àqueles sem teto cirúrgico, tradicionalmente, a radioterapia (RT) isoladamente foi muito usada. Muito em função do que se via em outras histologias, dentro de uma estratégia multimodal de preservação de órgão, a adição de quimioterapia à RT proporcionou maior controle local e até ganhos de sobrevida. Viu-se isso em tumores de cabeça/pescoço, pulmão e colo de útero, por exemplo, e isso chegou para cânceres de bexiga também. E se tornou uma alternativa à cirurgia nos pacientes que ainda tinham doença restrita ao órgão. Isso ficou muito bem demonstrado no estudo britânico BC2001, de Dr. Nicholas James et al na N Engl J Med, em 2012 1. Nele, RT associada a mitomicina C (12 mg/m2 no D1) + 5FU (500 mg/m2 no D1-5 e D16-20 de RT) mostrou significativo aumento da sobrevida livre de doença em 2 anos (67 x 54%, HR 0.68 IC 0.48-0.96; p=0.03) e em 5 anos (48% x 35%, HR 0.82; IC 0.63-1.09; p=0.16). A funcionalidade do órgão remanescente é crucial no processo decisório, visando-se à melhor qualidade de vida do paciente no pós-tratamento....